terça-feira, 24 de maio de 2011

o humanismo cool x a moda do reaça

*comentário a A moda do reaça, artigo de Marcelo Rubens Paiva http://blogs.estadao.com.br/marcelo-rubens-paiva/a-moda-do-reaca/





Concordo plenamente: diogomainardização da pequena-burguesia brasileira. Agora, talvez seja um pouco confortável apontar uma tendência tão perigosa por trás de caracterizações restritivas. Entre o anjo e o diabo, moda, pequena-burguesia, ignorância, cultura, humanismo ocidental. Claro que nesse caso só vestirá a carapuça quem vir-se representado pela elegante e segura nomenclatura.





Sem aspas e caracterizações, portanto. Também não me desce bem essa luta, tão filistina, contra uma miragem, que é o politicamente correto. Mas o que me entala na garganta de verdade é o fato de o mais radical humanismo ocidental - o de esquerda, praticante, sem "simpatias" -, uma vez reciclado, ser bibelô do poder.

Por isso mesmo, me parece que não há oposição entre o reaça e o humanista "simpatizante". Pelo contrário, quanto mais o humanismo rebaixado se democratiza, instalando-se nas simpatias, mais a ideologia de esquerda justifica o nazismo. Então talvez não haja solução de compromisso entre os dois: o jargão de esquerda vai se tornar, mais do que é hoje, velharia; o nazismo passará a se justificar com a contra-partida social e sua fraseologia; meio-termos sofrerão ambos os contrapesos.

Muitos dizem que o PSDB está morto, afogado na onda verde e cor-de-rosa que vem por aí. Pode até ser. Ainda assim, a campanha de José Serra na última eleição lançou as bases do futuro. Começou com um adaptativo tom socialista e terminou chamando para si a TFP, bem como todo o setor religioso anti-aborto. Pode ser esse o amanhã do Pálido Colosso. É bom escrever para lembrar...

E aí, mermão, quando a marcha revolucionária estiver na avenida, e o humanismo ocidental mofando num sebo, quero só ver o que vai acontecer. Espero que seja a revolução, tocada pelos pobres que leram O Capital numa biblioteca de periferia. Mas como bom pequeno-burguês atento ao que está acontecendo, tenho minhas dúvidas.

Por isso mesmo, acho que apenas uma coisa é certa: quem não tiver aprendido desde já a falar reaçarevolucionário ao contrário vai sambar na rampa.



Ou não, pode juntar-se à marcha do Novo Brasil.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Bala perdida

"Por mim, eu botava era já uma base comunitária da PM na USP (unidade de sociólogos parasitas). Certo que ainda seria um privilégio. Quando dá alguma merda na favela - e sempre dá - vai ver se a polícia chega rapidinho. Chega nada.

Mesmo assim, ai, como ia ser bom!

Pensa só, dava conta de três problemas ao mesmo tempo: acabava com aquela putaiada de greve ano-sim-ano-não, que mantém aquela porra de pé; cortava na raiz aquele bando de petista idiota que fica atravancando o trânsito com passeatas inúteis. E, principalmente, botava na linha aquela playboyzada maconheira vagabunda forgada que se pendura naquela bosta por dez anos e não larga o osso.

Conseguiram espanar o metrô de lá? Foda, mas tudo bem. Se com isso o trânsito piorou, veja só, eles reclamam que os nego quebra lá por dentro. Vá tomá no cu, mas beleza. E agora que mataram um cara lá dentro, o que que eles fazem? Se tocam? Não. Fazem a única coisa que aprenderam: defender a sacralidade do "espaço de reflexão".

E lá vem o dotô, no jornal, dizer que "é necessário manter para a sociedade um espaço de reflexão". E não se cansam de repetir a história de "defender o patrimônio público-social". Peraí, meu chapa. Que mané espaço de reflexão sócio-público-ocaralhoaquatro para a sociedade? Que eu saiba PhD é brinquinho na orelha da Ana Paula Padrão. E EcoSport na garagem, também.

Enfim, acabou o sonho, cinderela. O campus faz parte da cidade. Quer moleza? Come merda.

E não se lambuze demais, que quem tá pagando sou eu"


*extraído da seção Comentários do Jornal do Comércio on-line